Philippe Starck: ‘Sou um Robin Hood do design’
“Subversivo, ético, ecológico, político, humorístico… é assim que vejo o meu dever de designer.” Philippe Starck
Uma carreira rica com 10.000 criações – concluídas ou ainda por vir – fama global e inventividade multifacetada incansável nunca deve ofuscar o essencial. No mundo do design, Philippe Starck é uma espécie de pop star. Anualmente, envolve-se em cerca de 200 novos empreendimentos, implementando neles uma filosofia que tem a inovação como princípio básico. Autointitulado com uma espécie de Robin Hood do design, que utiliza os recursos despendidos pelos grandes empresários para encontrar formas de popularizar os bens de consumo.
Em uma tentativa de politizar e democratizar, Philippe Starck projetou quase todo tipo de objetos imagináveis: desde escova de dentes, cadeira e espremedor de limão até motocicleta, roupas e massas (sim, a comida). No entanto, é o seu trabalho em interiores que deu ao designer o prêmio Frame Lifetime Achievement Award.
A carreira de 35 anos, reinventando espaços, começou em 1984 com o Café Costes em Paris, sempre com um olhar para frente. O designer transformou o típico café francês em uma mistura de minimalismo fluido e teatralidade grandiosa, sempre referenciando o passado e introduzindo – o que mais tarde se revelou – o futuro.
Starck transformou mais de um mercado ao longo de sua carreira, da hotelaria ao varejo. Seus conceitos progressivos abriram o caminho para muitos dos principais designers de hoje, apesar de serem considerados muito à frente na época. Seu sucesso está na persistente busca por melhorar a vida dos usuários.
Para o projeto, seu segundo no Brasil (o primeiro foi o Hotel Fasano, no Rio de Janeiro), Starck utilizou unicamente produtos e materiais brasileiros, funcionando mais como uma espécie de curador. Durante suas pesquisas, conheceu Inhotim, em Minas Gerais, espaço que o encantou. “Para mim, o Brasil é o último povo do mundo que mantém alguma ideia de humanidade, uma certa loucura positiva que cultiva a beleza e tem um mistério quase incompreensível. O que mais me encantou do design brasileiro foi a elegância, uma certa atemporalidade e a ligação com a natureza, a utilização da madeira. É incrível”, enfatizou.
Um dos projetos mais conhecidos de Starck é a cadeira Louis Ghost para Kartell. Outras criações de destaque foram a escova de dentes feita em 1989 e um espremedor futurista chamado Juicy Salif, que ele desenhou em 1990 para Alessi. Ele acredita que o design deve ser feito para todos: “Produtos de qualidade devem ter preços mais baixos para que mais pessoas possam desfrutar do melhor. Eu sempre sonhei com um design democrático.”, diz Philippe Starck.
Uma outra peça importante da longa lista de criações de Starck é o banquinho Bubu, que veio para o Brasil com exclusividade pelo Westwing em cores especialmente desenvolvidas para a coleção. O Bubu é feito de polipropileno e nasceu em 1996 com a missão de unir design e praticidade com seu assento removível que permite que ele assuma funções além do habitual, tornando-se vaso, caixa de brinquedos, cesto de roupas e muito mais.
Inventor, criador, arquiteto, designer, diretor artístico, Philippe Starck é certamente tudo descrito acima, mas, mais do que tudo, ele é um homem diretamente descendente dos artistas renascentistas.